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Sentir, escrever, acalentar
Caio Fernando Abreu, um de meus autores favoritos, dizia que "escrever é enfiar um dedo na garganta". É justamente assim que me sinto quando escrevo, forçando a estagnação, a indignação, a fantasia e o sentimento borbulhante a sair. Escrever é passar o dia todo com azia, ignorando o refluxo, para ao entardecer ceder à ânsia. É fazer uma pausa no meio da festa para vomitar e poder continuar bebendo, mesmo que a ressaca no outro dia seja inevitável. É poder transcrever as divertidas, melancólicas e alucinantes histórias da noite em palavras. Nesse momento me encontro ajoelhada no chão do banheiro sujo, debruçada no vaso sanitário, prestes a regurgitar, segura meus cabelos?
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